terça-feira, 21 de julho de 2009

Um Oceano de Medo...

Fui assistir ao espetáculo Oceano, do Circo Roda Brasil - uma junção dos já tradicionais Parlapatões e dos Pia Fraus. É impressionante os efeitos conseguidos com objetos simples e de uso cotidiano. Com um guarda-chuva os atores conseguem criar luminosas águas-vivas. Os patins dão a fluidez para os peixinhos do fundo do mar. Vários adultos se esticaram para colocar a mão em uma enorme baleia inflável que passou por cima da plateia.

Como em todo bom circo, existiram muitos números de palhaços. Lembra do desenho do Pernalonga, quando o Presuntinho caçador tentava atirar nele? O palhaço também seguia o atirador de arpões durante a contagem evitando assim de ter sua cabeça dividida ao meio junto com a maça. Confesso que nunca fui chegada a esses seres com maquiagens e narizes vermelhos. Não era medo, mas meu humor não é nada sensível a coisas como torta na cara, ou até mesmo aquela maldade ingênua a lá Pica-Pau que muitos gostam de fazer. Dessa vez foi diferente! Cativaram a mim e a todas as pessoas presentes. Com piadinhas inteligentes e muita participação do público, eles conseguem nos aproximar do que está sendo passado ali. Teve até o passinho do Michael Jackson feito por um palhaço. Impossível não rir. O momento comédia pastelão ficou por conta de um trio de dançarinos do fundo do mar. Com nadadeiras nos pés e nas mãos, eles dançavam no ritmo da música e acabavam na maior pancadaria como nos Três Patetas. Aquela coisa de “sem querer” acabar acertando um chute na bunda de alguém.

Como se não bastasse, muitos trapezistas, malabares, verdadeiros shows que comprovam que o corpo humano pode fazer muito mais do que imaginamos. Profissionais supercapacitados ou suicidas mesmo, apenas um número contou com proteção, que se arriscam em manobras bem distantes do palco às vezes usando apenas a cabeça como garantia.

O espetáculo usa o argumento de que um menino, durante o banho, perdeu seu patinho de borracha e, ao ir atrás dele, acabou parando no fundo do oceano (Dái vem o nome, claro!). O garoto medroso sabe que Netuno tem seu brinquedo, mas sente tanto medo que não sabe o que fazer.

São poucas as cenas que trazem informações sobre a história em si. A primeira é do menino perdendo o pato e chegando ao fundo do mar, depois, ele tem mais alguns encontros com o seqüestrador, mas o que interessa mesmo é que antes e depois desses encontro entra em cena o verdadeiro espetáculos, os trapezistas, patinadores, palhaços e muitas outras atrações que recheiam o teatro e acabam por serem o grande encanto de tudo.

As referências ao nosso cotidiano também não pararam em Michael Jackson. O Yellow Submarine dos Beatles com quatro trapalhões é quem chega para dar o ponto final à confusão. O “Segredo”, segundo esses palhaços é que quando você pensa, você faz. Dito isso, uma maça despenca do ator dando a entender que o que você faz assim é “merda”. Tem ainda um gorducho sendo chamado de Gisele Bündchen e a notícia confirmada de que ela está grávida.

Citei acima os Três Patetas, mas o humor da trupe pode ser comparado ao de Charles Chaplin, Mazaroppi, e até o início de carreira dos Trapalhões.

A iluminação é um show à parte. A maior parte do espetáculo, inclusive a preparação do cenário do próximo número acontece ali, bem na frente do público, para então chamar atenção ao que realmente importa e camuflar essas atividades, a luz e o escuro entram com papéis importantíssimos. Assim como no chamado 1º Cinema, quando a câmera não se movia e cabia à ação “entrar” dentro do ângulo de filmagem, cabe à iluminação selecionar o que deve ou não aparecer.

A música é outro fator principal. Com direito a um percussionista no canto do palco, a sonorização do espetáculo acompanha a ação. Criada pelo Titãs Branco Mello, a trilha sonora vai acompanhando o clímax das cenas. Para o casal de surfistas que dão um show em uma corda, a música no melhor estilo praiano. As sereias ganham uma música mais sedutora que consegue aumentar a graça de seus movimentos.

A dura crítica à Lei Rouanet, que segundo o ator, deveria dar mais destaque para produções nacionais ao invés de dar o dinheiro para espetáculos que custam muito caro “uma fileira nossa seria o suficiente para comprar uma única entrada para o Cirque Du Soleil”, deixa bem claro o discurso do espetáculo. Complementando o que foi verbalizado, eram apresentados símbolos nacionais. A capoeira foi introduzida no fundo do mar com caranguejos bem capacitados que transformam a roda em uma incrível demonstração de habilidade.