terça-feira, 26 de maio de 2009

Eu...

Ligue o rádio agora ou tente lembrar-se da sua letra preferida de música. Vamos fazer uma aposta? Dou uma meia furada para quem pensar ou ouvir uma canção que não tenha o onipresente “Eu”.

A teoria é que o individualismo exarcebado e incitado pela nossa cultura está sendo refletido diretamente na música. O Eu marcando seu espaço. O pronome aparecendo inclusive físicamente.

Por uma questão social, que não é o tema de debate aqui, somos cidadãos apolíticos. O resultado desse distanciamento da política, (um breve exercício lingüístico: política, polis, cidade. Ou seja, tudo que diz respeito à cidade, não necessariamente à conjuntura política, partidos e tudo mais), existe um discurso vazio. Os problemas sociais, com raras exceções não preocupam. O que importa é a dor de cotovelo, o amor que brota no peito, a vida festeira e outros temas que nada trazem de novo.

Falta verdade à música brasileira. (Só um adendo: não é saudosismo pois não vivi os grandes momentos da história musical.) Falta falar sobre a verdade de cada um, sobre nossos problemas. Falta apontar soluções. Uma volta ao passado com os olhos no futuro é sempre a solução para os problemas em grandes crises. A história é cíclica, no entanto, foi essa mesma história que nos trouxe até aqui, no mundo de hoje.

Uma ressalva: vale falar que o circo pode ser o nosso “Tupy or not tupy” (não entendeu? Dê um Google no movimento antropofágico liderado por Oswald de Andrade). Estamos vendo uma valorização do circo que já está deixando de existir no espaço físico como era antigamente. Com a proibição dos animais nas apresentações, a desvalorização dessa arte e o interesse pela tecnologia o espetáculo tem sido reinventado. Como o que faz o grupo Teatro Mágico. O Cirque Du Soleil é a apropriação disso pela classe dominante. O homem no semáforo, representa a diversão daqueles despossuídos, os pobres!

Talvez, o fato de não termos tido nenhuma ruptura, como a semana de arte moderna (já sabe, Google), prejudique a observação de tais mudanças. Como o sapo na água quente. Se você o coloca na água fervida, ele pula fora, agora, se for aquecendo gradativamente, ele não percebe e morre...

Como será com a gente? Existe caminho para uma nova cultura? Qual será o nosso próximo passo?

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